Posso estar errada, até mesmo cometendo uma sandice, mas do ponto que me encontro torna-se difícil a percepção das coisas. Algo turva os meus olhos e eu não consigo enxergar claramente. Sinto peso. Será a consciência brigando com a razão? Quem vai vencer essa guerra? As armas são potentes... De um lado - religião, política, conceitos pré-concebidos guardados no fundo do meu eu, preconceito, medo... Do outro, certeza, evolução, visão... É uma luta travada dentro de mim mesma, nada pior que a dúvida. A dor é pujante, destrói como um câncer os meus neurônios, mas ainda me resta um pouco de sobriedade, para pensar e indagar: Que futuro teria uma criança gerada de um ventre de uma criatura que renega a sua condição de mulher? Que amor receberia se ela é a confirmação do que a criatura renega?
Mal amada, rejeitada pela mãe - antes mesmo de se tornar humano - e pelos seus consangüíneos que lhe acolherão com indiferença, apenas um a mais na estatística cruel dos que vivem sujos, descalços, entregues à natureza para que deles se apiedem. Estou terrivelmente confusa, não consigo encontrar uma saída menos agressiva...
- É uma vida - me diz a consciência.
- Não - responde a razão, por enquanto carrega apenas o DNA do espécime humano.
De certo só tenho comigo que a criatura precisa sair dessa barafunda que foi jogada pelos braços da inexperiência.
Que eu tome a decisão de apoiar o que for menos traumático
Um comentário:
Muito bom...rsrs. Nestes processos cabe ao espírito seguir como um observador astuto, assim como você demonstra ter o seu.Porém, nós dotados de razão iremos indagar sempre, processo este natural angariado na aquisição desse presente chamado razão. Na mente por sua vez teremos as mais variadas respostas, mas até onde vejo, nenhuma poderá ser conclusiva. A consciência por sua vez injeta no espírito, alma, como queira chamar, todo o aprendizado concebido na esperança talvez de que nós, como proprietários e responsáveis daquilo que ocorre ao nosso redor tenhamos força de vontade suficiente para lutar contra tudo àquilo que degenera essa experiência.
Mas pode ser também que todo este comentário seja mera reflexão de mais um irmão instalado aqui na terra, posto no cargo de observador, senhor das dúvidas e almirante de um corpo muitas vezes perdido num mar revolto.
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