Minha grande
poetiza quisera eu agora, não estar com visitas (inoportunas, diga-se de
passagem) para te oferecer colo. - Colo de tia não deve de ser lá muito
confortável não, mas é melhor que um banco de jardim abandonado, sem flores,
sem borboletas, sem pássaros... Dona Tristeza e a sua gêmea fraterna – dona Depressão
- estão passando uma temporada comigo. Já descobri um jeito bem bacana de
mandá-las embora, e espero que entendam: Outros hóspedes virão me visitar e o
meu mundo - esse meu Eu tão pequeno por ser apenas meu - não tem espaço
suficiente para abrigar tantos sentimentos. Mesmo porque, existe retração da
parte da irreverente Alegria e a leveza da Paz entre essas hóspedes. Morada
vitalícia não posso lhes dá. Infelizmente nem os meus hóspedes mais agradáveis
não têm morada eterna no meu Eu, embora procure segurá-los (os agradáveis) o
maior tempo possível no meu mundo de tanto entra-e-sai de sentimentos. É fato que, recebo-os a todos como paga à Vida,
que não é vida, se excludente às dores e deleites. Vivo, e porque vivo, sou permeada de sentimentos antagônicos. A Tristeza e a Depressão, vez em
quando tenho que ser mal educada e forçar-lhes a ir embora, nem que para isso
precise de um salvo-conduto, carimbado que apresentado às tropas das drogarias
me dão em troca uma arma de efeito expulsivo poderosíssimo para elas. Não permitirei
jamais que estados de fraqueza tão devastadores mantenham-se no topo do hanking dos sentimentos de humor que
sempre se hospedam na minha’alma.
Saudades não hei de sentir quando partirem essas
oportunistas, e que eu possa receber com gostinho de “brigadeiro comido na
panela”, a Alegria e a Paz – esses, dos meus hóspedes em sentimentos, são os
que faço gosto na demora da partida. Que eu seja uma atleta aplicada, e que
sempre conserve no topo do hanking a serenidade da Paz, e a jovialidade da Alegria,
que de tão prazerosas companhias, me enchem de pensamentos belos e vontade
desatinada de sair dançando num sol em brasa, Já que por aqui, água, é coisa
difícil de cair. Mas, se cair em forma de chuva, que caia de mansinho e eu
possa, quem sabe, aprender dançar nela também.
Ah, a tristeza não
quer ir embora? Então sai você, e diz pra ela assim:
Oh!
Tristeza me desculpeEntra e sai de sentimentos
Estou de malas prontas
Hoje a poesia
Veio ao meu encontro
Já raiou o dia
Vamos viajar.
Vamos indo de carona
Na garupa leve
Do vento macio
Que vem caminhando
Desde muito longe
Lá do fim do mar.
Vamos visitar a estrela
Da manhã raiada
Que pensei perdida,
Pela madrugada
Mas que vai escondida
Querendo brincar.
Senta nessa nuvem clara,
Minha poesia,
Anda se prepara,
Traz uma cantiga
Vamos espalhando
Música no ar.
Olha quantas aves brancas,
Minha poesia
Dançam nossa valsa,
Pelo céu que o dia
Faz todo bordado
De raio de sol.
Oh! Poesia me ajude,
Vou colher avencas
Lírios, rosas, dálias
Pelos campos verdes
Que você batiza
De jardins do céu.
Mas pode ficar tranquila,
Minha poesia,
Pois nós voltaremos
Numa estrela guia
Num clarão de lua
Quando serenar.
Ou talvez até quem sabe,
Nós só voltaremos
No cavalo baio
No alazão da noite
Cujo o nome é raio,
Raio de luar.
(letra de
João Aquino e Paulo César Pinheiro
Linda, na
voz - dentre muitas vozes que cantaram/cantam - do saudoso Emílio Santiago).
